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Placar mínimo mascarou o abismo entre Real Madrid e Grêmio

Domínio espanhol não foi traduzido no placar, mas não podemos ignorar a disparidade da partida.

Quem não viu a final do mundial de clubes 2017 (Real Madrid 1 x 0 Grêmio), pode ter imaginado um jogo igual, definido nos detalhes. Não foi. Mesmo sendo detentor do melhor futebol da temporada no Brasil, o clube gaúcho foi envolvido por completo, do início ao fim do jogo, escapando de uma goleada. Os números são duros: foram vinte finalizações do gigante espanhol contra apenas uma do Campeão da Libertadores. Além disso, os merengues acumularam posse de bola bem superior (62% x 38%) e empilharam escanteios (9×1).

Sempre que o representante sul-americano enfrenta o campeão da Europa, surge o questionamento sobre qual tipo de enfrentamento teremos. Apesar da qualidade absurda dos merengues, imaginava-se um Grêmio capaz de impor alguma dificuldade ao Real Madrid. Fugindo da sua característica habitual, o time gaúcho passou o jogo correndo atrás dos espanhóis, com os dois volantes à frente da zaga os 90 minutos e sem passagem dos laterais. Rara foram as oportunidades em que se viu quatro jogadores tricolores ao mesmo tempo no campo ofensivo. Kroos, Marcelo e principalmente Modric foram soberanos na faixa central do campo, ditando o ritmo da partida. O tricolor, por sua vez, dificilmente trocava três passes seguidos.

A ausência de Arthur

É impossível deixar de mencionar a ausência de Arthur no meio-campo gremista. É ele quem faz a saída de jogo, acerta as viradas laterais e facilita a vida dos homens de frente. Sem o volante, víamos Luan recuar até o seu próprio campo defensivo para tentar armar a equipe. O panorama já havia sido notado na partida frente ao Pachuca, mas diante do Real o problema tornou-se mais evidente. Michel e Jaílson foram engolidos.

Pedro Geromel, o monstro

O domínio do Real Madrid poderia ter trazido consequências bem mais graves ao placar, não fosse Pedro Geromel. O melhor zagueiro das Américas mostrou todo o seu repertório defensivo, evitando situações de gols importantes por cima e por baixo, além de vencer o confronto pessoal com Benzema. O que nos leva a fazer uma simples pergunta: o que falta para o zagueiro do Grêmio ser convocado para a Seleção Brasileira? Para não ser injusto, Kannemann também fez bela partida.

Renato Portaluppi

Ao fim da partida, Renato Portaluppi encheu o peito para afirmar que o seu time perdeu porque a barreira abriu em uma cobrança de falta. Análise simplista, seletiva e incoerente de quem não conseguiu propor um plano de jogo capaz de bloquear as principais qualidades do Real Madrid. 20 x 1 em finalizações foi algo nunca visto. Nenhum chute ao gol do clube espanhol. No ano passado, os japoneses do Kashima Antlers tiveram 11 conclusões. Marcaram duas vezes e perderam apenas na prorrogação. Pelo que fez durante a temporada, esse Grêmio poderia ter feito melhor papel.

A diferença Brasil x Europa

A partir da década de 90, com a exceção do São Paulo de Telê Santana em 1992 e 1993, nenhum brasileiro chegou ao mundial/Copa Intercontinental nas mesmas condições de igualdade técnica com os europeus, mas sempre houve jogo com certo equilíbrio (excetuando o Santos em 2011, goleado pelo Barcelona). Vasco (1998) e Palmeiras (1999) acabaram perdendo, mas fizeram partida superior a Real Madrid e Manchester United, respectivamente. Internacional 1 x 0 Barcelona e Corinthians 1 x 0 Chelsea também foram jogos em que os brasileiros emparelharam as partidas com fechamento de espaços e contra-ataques rápidos. Enfrentar Cristiano Ronaldo, Modric, Kroos e cia é quase uma covardia, mas se acovardar tanto certamente não é a melhor estratégia.

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