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Ancelotti é a prova definitiva de que vestiário ‘derruba’ treinador

Técnico italiano foi claramente boicotado no Bayern de Munique. Situação não é tão rara dentro do futebol.

Vestiário é capaz de “’derrubar” treinador? Certamente essa pergunta está entre os principais dogmas do futebol. Explicitamente, quase ninguém admite, mas os fatos mostram que um grupo de jogadores, quando exercem forte influência no clube, são diretamente responsáveis pela demissão do comandante. O mais recente da lista foi Carlo Ancelotti, então técnico do Bayern de Munique.

Poucas horas depois da saída do Ancelotti, surgiu a forte informação sobre a incompatibilidade do italiano com as principais estrelas do time: Robben, Ribery, Boateng e Hummels. Todos eles, aliás, foram reservas na derrota por 3×0 para o PSG, em jogo válido pela UEFA Champions League. Um dia após o jogo, o treinador foi desligado do clube. Curiosamente (já que esse não é o discurso padrão), o próprio presidente bávaro, Uli Hoeness, revelou os problemas entre o treinador e cinco atletas do grupo principal. Confirmava-se, assim, a verdade sobre a real influência dos jogadores sobre o destino de um técnico.

O “caso Ancelotti” entra de vez para a história do futebol, não apenas por confirmar de forma pública algo que todos nós já sabíamos, mas por se tratar de um Tricampeão de Champions League. Não estamos falando de qualquer comandante sem peso no mundo da bola. Se retroagirmos alguns anos, veremos fenômenos semelhantes vividos por Rafa Benítez e José Mourinho no Real Madrid, quando ambos bateram de frente com Cristiano Ronaldo, Sérgio Ramos e Cia. Luiz Felipe Scolari foi outro que mencionou ter sido vítima de boicote no Chelsea. Em 2007, Drogba e Ballack viraram desafetos de Felipão no clube inglês ao perderem suas posições no time para Anelka e Deco.

As situações mencionadas não são exclusividades do futebol europeu. No Brasil, é comum jogadores “derrubarem” técnicos, embora tal fenômeno acabe sendo menos explícito. Vanderlei Luxemburgo, conhecido por ter relações conflituosas com seus comandados, foi “derrubado” no Atlético Mineiro em 2010, segundo Alexandre Kalil, presidente do Galo à época. Dois anos mais tarde, o próprio Vanderlei perderia a queda de braço com Ronaldinho Gaúcho no Flamengo, sendo novamente dispensado. No mesmo anos de 2010, Dorival Júnior tentou barrar Neymar no Santos, após o episódio de indisciplina na ordem de batedores de pênaltis. Mais uma vez sobrava para o treinador da equipe. Fernandão, comandando o Internacional em 2012, teve a demissão concretizada dias após de declarar que havia “uma zona de conforto” dentro do vestiário colorado.

Seja pelo chamado “corpo mole”, seja na influência de dirigentes e companheiros, está devidamente comprovada a capacidade que um boleiro tem de “derrubar” o técnico da equipe. Olhando por este ângulo, talvez esteja explicado o porquê de alguns medalhões, mesmo estando em má fase, nunca saírem da equipe ou aquele garoto que vem da base, ainda sem nenhuma influência do vestiário, demore a ganhar uma chance. Tudo isso sob a complacência de dirigentes omissos ou pouco habilidosos. O futebol ganhou, nos últimos anos, uma dose de profissionalismo, mas só até a página 4.

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