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Dossiê rebaixamento: Como o Internacional chegou à série B do Brasileirão

Confira em detalhes por que o colorado caiu de divisão.

“Missão cumprida”! bem que essa poderia ter sido a declaração final de Vitorio Piffero, presidente responsável por conduzir o Internacional, pela primeira vez em sua história, para à série B do Campeonato Brasileiro. Visto que o dirigente colorado foi displicente e irresponsável na gestão do clube nos dois últimos anos.

Em dezembro de 2014, Vitorio Piffero assumia novamente o comando do clube gaúcho, desta vez sem a companhia de Fernando Carvalho, o homem forte na montagem dos times vencedores do Internacional nos anos 2000. Mesmo assim, o mandatário conseguiu larga vantagem na eleição presidencial, sendo aclamado por seus pares com o arrogante grito de “o campeão Voltou…”. Um deboche a Giovanni Luigi, seu opositor, que não havia conseguido grande desempenho dentro de campo entre 2011 e 2015. Apesar disso, Piffero recebia o clube na Libertadores da América, com um estádio novo pronto, expressivo quadro social e um time competitivo (Juan, Nilmar, D’alessandro, Aránguiz, Alisson…). Entretanto, começava ali a pior administração da história da instituição vermelha.

Logo de cara, Vitorio arrumou um problema na montagem da equipe para 2015. Não conseguiu acertar a contração de Tite e acabou “queimando” uma lista de outros treinadores (Mano Menezes, Abel, Luxemburgo, e outros técnicos estrangeiros). Sem opções, Luiz Fernando Costa, o então vice-presidente de futebol, acabou acertando com Diego Aguirre. As contratação de jogadores para a Libertadores da América, no primeiro momento, até foram acertadas. Vitinho, Réver, Nílton, Lisandro López… eram nomes interessantes. O fato inexplicável foi o acerto com Anderson. Sem jogar em alto nível há pelo menos três anos, o ex-Manchester United chegou ao Beira-Rio sem contrato de produtividade, ganhando aproximadamente R$ 500 mil mensais. No dia 25 de janeiro de 2015, Luiz Fernando Costa veio a falecer. Píffero passou (pasmem) a acumular também o cargo de vice-presidente de futebol, até escolher Carlos Pellegrini (o bola), no dia 30 de julho, para realizar a função. Aliás, Pellegrini viria a ser peça-chave na queda livre colorada. Falaremos disso mais adiante.

O Internacional fez uma Libertadores irregular. O time tinha problemas defensivos, físicos e contava com alguns jogadores de pouquíssima experiência (William, Dourado, Vadívia e Gefferson). Aguirre obrigou-se a escalá-los devido a baixa produtividade dos titulares. Por outro lado, as individualidades eram boas e a equipe foi avançando. Caiu na semifinal para o Tigres, do México. Poderia ter sido campeão não fosse a falta de pulso firme da direção, que deixou o grupo desmobilizar-se após a longa parada para Copa América, negligenciando o Brasileirão vigente. A questão da preparação física e as constantes lesões também não tiveram solução, embora o diagnóstico (sabia-se da necessidade de trocar o preparador físico) estivesse pronto. Faltou comando e experiência.

Mesmo fora da Libertadores e com problemas na comissão técnica, o Inter insistiu em Aguirre, para apenas demiti-lo às vésperas do fática Grenal do 5×0. A “célebre” mudança objetivando o fato novo. Ali de-se o primeiro grande vexame. O clube, já sabendo que não conseguiria a contratação, tentou o ótimo técnico Jorge Luis Sampaoli, que treinava o Chile. Como já era esperado, o negócio não vingou e o clube, sem nenhuma convicção, apostava em Argel, cuja filosofia é oposta à praticada pelo argentino. O novo comandante do vestiário implantou uma mentalidade mais competitiva, sem “bola perdida”. A motivação funcionou no primeiro, embora o treinador nunca tivesse dado alguma contribuição tática ou organização ao time. Graças as finalizações de Vitinho, o clube evitou passar dificuldade no Brasileirão, terminando na 5ª colocação.

Os erros mais absurdos e decisivos seriam cometidos em 2016. Argel ganhou força e foi inexplicavelmente mantido, começando o desmanche que enfraqueceria ainda mais a equipe, além de retirar suas grandes lideranças. D’alessandro, capitão e principal referência técnica, foi emprestado ao River Plate Lisandro López e Juan não tiveram seus contratos renovados. Rafael Moura, Léo, Réver, Jackson e Nílton também não permaneceram. Alguns deles não tiveram reposição. Em outros acasos a substituição foi insuficiente. Em contrapartida, chegaram ao clube jogadores de qualidade duvidosa (deixaremos nesse termo). PC Magalhães, Bob, Fabinho e, mais adiante, Leandro Almeida, Ariel, Eduardo Henrique foram agregados ao time e pouco contribuíram. Nico López e Luis Seijas, em teoria os reforços de maior qualidade, só chegaram ao clube no meio do campeonato. Assim a responsabilidade cairia nos pés de jovens da base, na maior parte garotos de qualidade mediana para baixo. Bruno Baio, Andrigo, Allison Faria, Arthur, Gefferson, Aylon e Alan Costa. Até mesmos os meninos afirmados (William, Valdívia, Sasha e Dourado) fracassaram diante de tamanho despreparo.

Nesse contexto caótico, o Inter conquistou o campeonato gaúcho aos trancos e barrancos, mascarando a realidade que viria no futuro breve. Sem nenhum padrão de jogo e sem grandes individualidades, Argel começou inexplicavelmente bem no Brasileirão. Chegou a liderar a competição. Obviamente, sem desempenho os resultados negativos não demorariam a chegar e a demissão do treinador (mentor do elenco rebaixado) aconteceu após cinco derrotas consecutivas. A partir daí, o desespero instalou-se e a ficha caiu: o elenco era fraco, mal montado e sem qualquer organização ou ideia de futebol. Falcão foi contrato e engolido pela crise, durando apenas cinco partidas. Com ele saía Carlos Pellegrini, o outro avalista na montagem do time que seria rebaixado.

Vitorio Piffero – apavorado, acovardado e perdido – recorreu a Fernando Carvalho para assumir o futebol do clube. Surgia ali o pensamento mágico que supostamente tiraria o clube da série B. Doce ilusão. Carvalho, o maior presidente da história do Internacional, pegou a “bronca” para salvar a pele do amigo, mas desta vez pouco contribuiu. Praticamente sem poder realizar contratações de jogadores, o novo vice de futebol apostou que Celso Roth seria o nome certo para dirigir o time. Outro erro. Roth demonstrou estar desatualizado e enferrujado. Há tempos não realizava um trabalho satisfatório, além de demonstrar as mesmas teimosias e perseguições a jogadores (Nico López e Seijas foram os nomes escolhidos desta vez). Carvalho e a “Swat Colorada” falharam. Demoraram a perceber que Juarez não conseguiria atingir o objetivo. O fim estava próximo. Se não bastasse o sofrimento pela incompetência da sua direções, os colorados ainda sofreram com declarações, no mínimo infelizes, de Piffero e Carvalho sobre tapetão, rebaixamento, tragédia da Chapecoense, entre outros. Era a pá de cal que faltava.

Você, caro leitor, deve ter percebido, ao longo do relatar dos fatos, que não havia outro destino para o Internacional em 2016. O rebaixamento não é o fim da vida, mas mancha a história de um grande clube, além de trazer prejuízos de diversas ordens. A arrogância e a incompetência caminham de mãos dadas com o fracasso. Com o descenso confirmado, Vitorio Piffero assumiu a culpa pelos fatos. Ora, cara pálida, isso é o mínimo esperado. Afinal, de quem mais seria a responsabilidade? É bom, também, lembrar os outros nomes que fizeram parte dessa gestão catastrófica. Costumamos ter memória curta. Agora, resta aos torcedores colorados “lamber as feridas” e reerguer o clube. Que Marcelo Medeiros, o novo presidente do Internacional, seja mais hábil e responsável que seu antecessor. A bola não costuma deixar impune os incompetentes.

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